01 de Maio de 2009
Há exatamente 15 anos atrás, um furacão passava na minha frente. Era o dia seguinte da festa de debutante de alguém muito importante na minha vida.
Era também um dia de reconciliação. Dia de fazer as pazes de uma separação delicada.
Não foi um bom dia, decididamente, embora tenha ficado em braços carinhosos toda tarde.
Foi o dia que o Senna morreu.
Já não sei se lembro do dia 1 de maio de 1994 como se fosse ontem, por causa disso, ou se lembro disso por causa do dia 1 de maio de 1994.
Me lembro que gravava todas as corridas da Fórmula 1. Comprava livros, gravava matérias, fazia estatísticas. Eu sabia mais de Fórmula 1 do que os próprios narradores da Globo, e, observador que sempre fui, conseguia corrigí-los quase sempre.
Um dia meu irmão me perguntou porque eu gravava todas as corridas, e depois terminava substituindo-as pelo resumo da noite. A resposta foi simples: "Não sei... mas imagina que, justo nesta corrida, acontece algo histórico... como o Senna morrer".
E naquele dia 1 de maio, justo naquele, eu não gravei. Não acordei cedo, não fiz o de costume. E então o Senna morreu. Morreu pra mim, morreu pro mundo, morreu pra vida. Foi triste, me senti culpado. Eu o tinha abandonado.
Foi um dia ruim pra mim, para os brasilieros e para o mundo. Senna era um herói nacional, um patrimônio da humanidade.
Somente hoje eu entendo como os canadenses veneravam Gilles Villeneuve mesmo anos após sua morte, exatamente hoje como fazemos por Senna.
Depois daquele dia, nunca mais quis saber de Fórmula 1. Guardei meus livros, minhas fitas, minhas estatísticas. Sequer tive coragem de sair para ver o caixão, que, em carro de bombeiro, passou quase na porta de casa.
E nesse dia que o herói morreu, eu também morri um pouco. Por isso, lembro perfeitamente desse 1 de maio de 1994.
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