17 de Outubro de 2014
Eu tenho câncer. Sim, isso mesmo. Talvez eu tenha feito essa cara que você fez agora quando eu descobri. Já passei por isso, portanto.
Maligno? Sim, daqueles difíceis de digerir, lágrima aos olhos, essas coisas que nos fazem parecer mais humanos.
Já pensei em mil maneiras diferentes de dar essa notícia, mas não consegui encontrar nenhuma forma menos direta.
Então, passei da mesma forma que a recebi: sem vaselina, direto e reto.
Eu podia ter atenuado a história, usado aquela coisa de "Marcelo subiu no telhado". Mas não. Não seria eu.
Calma: como eu não preciso de noticias bombásticas pra revisar o que acontece na minha vida, nada mudou.
Continuo sendo o mesmo cara, atualmente em fase de grandes mudanças (aquela história da caixa despencando da escada, ora pra cima, ora pra baixo).
O engraçado (se é que tem algum lado engraçado nisso), é que não foi por falta de aviso. Contido das minhas emoções, sempre fui criticado por não "explodir": "um dia isso ainda vai te dar câncer", diziam. Previsível.
Mesmo assim, eu faria as mesmas escolhas e cometeria os mesmos erros que fiz até aqui.
Afinal, eu sou a soma dos livros que li, dos filmes que vi e das histórias que vivi.
Peço desculpas aos mais queridos a quem não informei antes, mas ODEIO fazer o papel de coitadinho.
Esclarecido, faço uma operação emergencial no dia 10 de novembro, às 9h da manhã, no Hospital Samaritano em São Paulo. Depois, uns 10 dias internado em recuperação e, depois, as chatas seções de quimioterapia.
Mas por favor, sem drama: eu continuo o mesmo de sempre... pra sempre!
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